Exposição coletiva O Que Sobrou

Texto curatorial por Ricardo do Rosário:

A exposição O Que Sobrou é uma coletânea artística, apresentada por seis artistas e suas variadas técnicas, meios e estilos, tendo como principal objetivo disseminar o conhecimento e a cultura da arte urbana e de rua.

O grafite é uma manifestação artística e cultural que ganhou força nos anos 70, nos Estados Unidos, utilizado para expressar a realidade social, fazer críticas, entre outros movimentos. Muitos grafiteiros têm ganhado notoriedade no meio artístico, como é o caso de Banksy e os Gêmeos, expressando seus sentimentos nas paredes das ruas. Ao passar do tempo, técnicas e estilos foram se atualizando, mas sempre com o objetivo de repassar a mensagem proveniente das ruas. A arte saiu dessas paredes e hoje é encontrada nos principais museus de arte contemporânea ao redor do mundo. Para este curador, este é o movimento que representa o ápice da contemporaneidade, e que, sem dúvidas, marcará uma geração.

Ao trazer este contexto para uma realidade local, percebe-se que, no Brasil, ainda há desinformação e preconceito sobre este movimento, onde confunde-se a arte do grafite com a pichação. Os artistas Deme, Dino, Kais, Luid, Shar e Snto são alguns que já sofreram com esse problema, tendo seus materiais artísticos confiscados sem a chance de se defenderem. Após todas as dificuldades, estes artistas – que não desistiram e nem pretendem desistir da arte – apresentam suas vivências por meio de obras, e deixam uma mensagem positiva para a posteridade, além de esclarecer à sociedade o objetivo da arte de rua.

O Que Sobrou evidencia as dificuldades de ser artista de rua. Por outro lado, mostra que as diversidades podem ser também um motivador para continuarem lutando por aquilo que amam: a arte. Encontramos sabedoria na dificuldade. Podem levar tudo o que temos, mas o que sobra sempre será maior do que foi levado.